Poluição
Há cinco séculos ainda existiam povos que viviam integrados à natureza, respeitando-a como provedora de vida para seus corpos. Relatos da conquista da América informam que os índios nômades, que usavam cortiça para se vestir, jamais tiravam a casca do tronco inteiro, para assim conservarem a árvore viva. As tribos sedentárias, por sua vez, cultivavam diversas espécies de plantas, deixando períodos de descanso para a terra, conservando-a também viva dessa forma. Mais recentemente, em 1855, um cacique da tribo Seathl mandou uma carta em resposta ao presidente dos Estados Unidos da época, o qual havia expresso o desejo de adquirir as terras de sua tribo. Essa carta é um verdadeiro manifesto de reconhecimento, gratidão e amor à natureza. Abaixo são reproduzidas algumas passagens:
"Cada folha reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. (…) Para ele [o homem branco] um torrão de terra é igual a outro. Porque ele é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de exauri-la ele vai embora. (…) Sua ganância empobrecerá a terra e vai deixar atrás de si os desertos. (…) O ar é precioso para o homem vermelho. Porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar — animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo ele é insensível ao mau cheiro. (…) Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso do que um bisão que nós, os índios, matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto fere a terra fere também os filhos da terra. (…) De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez um dia venha a descobrir: o nosso Universo é o mesmo Universo. (…) Ele é o Universo da humanidade inteira. E quer bem igualmente ao homem vermelho como ao branco. E causar dano à Terra é demonstrar desprezo pelo seu próprio Universo. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Ele continua poluindo a sua própria cama, e há de morrer numa noite, sufocado em seus próprios dejetos!"
Ao vermos hoje a quantidade de poluição gerada pela nossa civilização, e os efeitos disso no meio ambiente e nos próprios seres humanos, chegamos a conclusão que as colocações do cacique Seathl já fazem parte de nossa realidade atual. Nos Estados Unidos, só em relação ao lixo urbano, a produção anual é de 720 kg por habitante, ou seja, cada americano produz em média quase 2 kg de lixo por dia. Outros países do Primeiro Mundo não ficam muito abaixo dessa marca, e também nos países em desenvolvimento a situação não é muito melhor. Em junho de 1997, o Brasil estava produzindo 240 mil toneladas de lixo por dia.
Não é possível, porém, estimar a quantidade total de poluentes que é jogada no meio ambiente a cada hora em todo o mundo, nem os danos que a sujeira provocada pelo ser humano moderno já acarretou ao equilíbrio ecológico do planeta. Não há uma estatística sobre isso, porque a quantidade de poluentes é grande demais para ser mensurável. Vamos, porém, dar alguns exemplos concretos do que a negligência humana e seu desrespeito à natureza já acarretaram.
Não se menciona aqui os grandes desastres industriais ou as tragédias ecológicas que, apesar de naturalmente fazerem parte da poluição gerada pelo ser humano, trazem danos imediatos a várias pessoas e ao meio ambiente do qual elas dependem para viver. Faremos menção neste tópico apenas à contínua ação degradadora do ser humano na natureza e as suas conseqüências imediatas.
Copyright 2003 Corrente Verde. Todos os direitos reservados.
Web Master: Elessandro(TAM)